CGU aponta desvio em obra que beneficiou ilegalmente ministro de Lula

Emenda parlamentar de Juscelino Filho foi usada para pavimentar estrada de propriedade de sua família, no Maranhão

Por Trago Verdades em 29/04/2024 às 17:42:53

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) indica irregularidades em uma obra de pavimentação financiada por emenda parlamentar do ex-deputado Juscelino Filho, atual ministro das Comunicações do governo de Luiz Inácio Lula da Lula.

Segundo o documento, 80% da estrada pavimentada beneficiaria propriedades do ministro e seus familiares no Maranhão, levantando suspeitas de desvio de verbas públicas. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo, que teve acesso ao relatório da CGU que tem data do início de março.

A auditoria da CGU revela que a obra de pavimentação entre as propriedades da família do ministro já havia recebido investimentos anteriores de R$ 2,5 milhões. A empresa responsável pela obra, a Construservice, foi investigada pela PF devido à sua ligação com Juscelino Filho. A CGU disse que a obra não atendia adequadamente às necessidades da população local por não estabelecer conexões essenciais com a cidade nem rodovias próximas.

Segundo a CGU, a justificativa oficial para a obra de pavimentação paga com as emendas de Juscelino Filho foi a necessidade de "escoamento e acesso a serviços públicos", o que não ocorreu.

"De um total de 23,1 km, envolvendo R$ 7,5 milhões, 18,6 km, 80%, beneficiariam as propriedades do parlamentar e, ao que parece, de forma individual. Os restantes 4,5 km beneficiariam cinco povoações locais e ainda de forma isolada sem integração com a rodovia estadual, nem com a sede do município", diz a CGU no relatório obtido pela Folha.

Esses fatos são objeto da Operação Odoacro, uma investigação da Polícia Federal que apura a participação de Juscelino Filho em um esquema criminoso que envolve obras da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na cidade de Vitorino Freire, cuja prefeita é sua irmã, Luanna Rezende.

A CGU também levantou a possibilidade de desvios e prejuízos decorrentes das irregularidades na obra, destacando um potencial risco de desvio de finalidade de cerca de R$ 1,5 milhão.

CGU indica prejuízo superior a R$ 700 milhões

Juscelino Filho e sua irmã, Luanna Rezende
Juscelino Filho e sua irmã, Luanna Rezende, prefeita de Vitorino Freire | Foto: Reprodução/@luanna.rezende

A controladoria mencionou que a própria Codevasf identificou um prejuízo de R$ 736 milhões em uma auditoria nas obras parcialmente realizadas. Além disso, a licitação que resultou na contratação da Construservice apresentou indícios de irregularidades que poderiam ter prejudicado a competitividade do processo.

Mensagens trocadas entre Juscelino Filho e o empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP e apontado como o verdadeiro dono da Construservice, foram fundamentais para a investigação da PF.

Nas conversas, Juscelino Filho é descrito como o "verdadeiro chefe" do empresário, indicando prioridades, medições e desbloqueio de pagamentos relacionados à obra. O ministro deve prestar depoimento nas próximas semanas no âmbito do inquérito.

Em resposta às acusações, a assessoria de Juscelino Filho afirmou que, como parlamentar, ele tinha o papel de indicar emendas para beneficiar a população, mas a execução e a fiscalização das obras não eram de sua responsabilidade. A nota ressaltou que o ministro está interessado em esclarecer o caso e que sua conduta sempre foi pautada pela ética e pela responsabilidade social.





Fonte: Revista Oeste

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